O artista de 70 anos define sua arte como figurativa. No entanto, seguindo a linha de Tilda Tsuchiya, sua grande mestra, ela concebe que a cor e a composição de uma pintura são mais importantes do que a presença ou ausência de uma figura.
Bruno Zeppilli é um dos pintores mais importantes do Peru e da arte latino-americana contemporânea. Com décadas de experiência, ele construiu uma obra que apresenta um imaginário pictórico complexo e combina elementos do pré-renascimento italiano com a arte colonial e a arte popular peruana. O Museu de Arte de Lima recebe sua mais recente exposição, que pode ser visitada até 9 de março.
O artista
Bruno Zeppilli nasceu em Lima em 1954. Desde muito jovem sabia que queria ser artista e dedicou grande parte de sua vida à formação acadêmica, particular e autodidata.
Estudou na Escola de Belas Artes da Pontifícia Universidade Católica do Peru e na Escola Nacional Autônoma de Belas Artes de Lima. Ele também se formou no exterior, em lugares como o Centro di Cultura Per Stranieri da Universidade de Florença, na Itália, e na Mason Gross School of Arts da Rudgers University, em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Sua formação particular o levou a estudar com grandes figuras da arte peruana. Zeppilli aprendeu com Cristina Gálvez e Tilsa Tsuchiya. Ela considera os dois seus grandes professores e afirma que eles lhe ensinaram aspectos fundamentais sobre arte e também sobre a vida.
Um episódio crucial
Quando Zeppilli tinha 17 anos, matriculou-se para estudar Literatura, mas logo percebeu que não era para ele. Foi então que ele se candidatou ao curso de Artes na Universidade Católica. Mas ele fez isso tarde e não havia vagas para aquele ano, então ele teve que esperar até o ano seguinte.
Ele aproveitou o tempo para se treinar e foi aí que começou seu relacionamento com Gálvez. Bruno relembra um episódio fundamental que considera que o marcou para sempre.
O artista peruano se sentiu frustrado porque percebeu que não estava progredindo em seu desenho. E ele disse a Cristina que ia abandonar as aulas. O escultor, falecido em 1982, impediu-o de fazê-lo e respondeu que a partir daquele momento ele teria que ir todos os dias em dois turnos, tarde e noite.
Bruno lembra que Gálvez não precisava dizer que ele tinha talento. Que ele entendeu a mensagem e também aprendeu a lição sobre a importância de perseverar e não desistir.
A influência de Tilsa Tsuchiya
Entre seus outros professores, ele menciona Víctor Femenia, um professor de gravura que se interessou muito por sua maneira particular de desenhar. Ele também se lembra de Alberto Dávila, que lhe ensinou pintura no Bellas Artes.
Ele tinha um relacionamento especial com Tilsa Tsuchiya. Ela foi sua professora entre 1974 e 1982 e lhe ensinou aspectos fundamentais do trabalho artístico, incluindo como organizar uma exposição e qual o momento apropriado para apresentá-la.
Zeppilli lembra que o artista peruano de ascendência japonesa tentou afastá-lo da arte comercial. Em uma entrevista, o pintor disse que ele e Tilsa não conversaram sobre o comércio da arte, mas sobre arte: o que e por que pintar, entre outras coisas.
Um estilo único
Bruno Zeppilli define sua arte como figurativa. No entanto, ela explica que, como Tilda lhe ensinou, ela concebe toda pintura como abstrata. No sentido de que o mais importante é a cor e a composição, e a presença ou ausência de uma figura é um fato secundário.
Seu trabalho propõe um diálogo complexo entre a pré-renascença italiana, a arte popular peruana e a arte colonial. Suas pinturas apresentam encenações em que todos os elementos (fundo, personagens e outros objetos) contam histórias diferentes.
Ele geralmente trabalha com paletas de cores sombrias que criam atmosferas densas. Prazer e dor são temas recorrentes em suas obras. Nesse sentido, Bruno confessa que nunca gostou de nada fofo ou fofo porque acredita que a vida não é assim.
Com décadas de experiência, permanece atual por meio da criatividade, da arte e do trabalho. Sua exposição mais recente, “Transformações Visuais”, está em cartaz no Museu de Arte de Lima e pode ser visitada até 9 de março inclusive.
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