Músicas, danças, pinturas e esculturas integram a Expointer cultural

Músicas, danças, pinturas e esculturas integram a Expointer cultural

Em diferentes espaços, feira conta com atividades para público interessado em arte

Todo gaúcho sabe que a Expointer é lugar de animais, máquinas e produtos da agricultura familiar. Mas engana-se quem pensa que a programação para por aí. A maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina, realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, conta também com diferentes atividades culturais, que vão desde exposições até apresentações musicais.

Uma das representantes da cultura no parque é a Estância da Arte, localizada em uma “esquina” do Pavilhão Internacional e aberta durante todos os dias da feira, das 8h às 20h. É difícil passar em frente e não prestar atenção: no local, estão expostas 48 obras, entre desenhos, pinturas e esculturas. Com a temática “Sem Fronteiras”, a mostra, que está em sua quarta edição, apresenta o trabalho de sete artistas, sendo dois argentinos e um uruguaio: Aldo Chiappe, Caé Braga, Lauren de Bacco, Maurício Fidelis, Nakle, Nazareno Gonzalez e Voldinei Lucas. Há também um espaço somente para as obras do curador Marciano Schmitz.

Os quadros e as peças retratam a vida no campo e as paisagens e tradições da lida campeira dos pampas. Cavalos, campos, estâncias e vestimentas tradicionalistas fazem parte das obras, convidando o público a explorar novos olhares sobre a cultura gaúcha.

“Ficamos impressionados. Conseguimos nos imaginar dentro dos quadros, pois os artistas retratam todos os detalhes. Somos do interior e nos identificamos com os quadros”, conta a atendente Evandra Nunes, 21 anos, que visitou o local com o namorado Bruno Medeiros, 31.

E esse é justamente o objetivo: fazer com que as pessoas que vivem essa realidade no dia a dia se vejam refletidas na arte. O curador da exposição destaca que, muitas vezes, vê o público emocionado ao se enxergar nas pinturas.

“Existe um espírito nessa mostra em consonância com a feira. A arte deve ir ao encontro das pessoas, e não ficar limitada entre os próprios artistas. A coisa mais bonita é ver o pessoal que vem da lida, do campo, acompanhar”, relata Marciano, que é de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. “Eles sabem mais do que nós; eles é que são os julgadores. Vi situações nas quais se encantaram muito.”

O argentino de Buenos Aires Aldo Chiappe, que trabalha com a temática há 15 anos, está expondo no Brasil pela primeira vez. Ele conta ter ficado impressionado com a aproximação cultural entre o Rio Grande do Sul e o país vizinho, que contam com cenas semelhantes para serem colocadas na tela.  

“É a vida pastoril, campesina, dos humanos em contato com animais, como vacas e cavalos. É uma conversa entre as culturas. O pampa nos une”, define Chiappe.  

No ano passado, a mostra bateu recorde de público, recebendo, no total, 40 mil visitantes. Nesta edição, são esperadas 50 mil. A realização é da produtora cultural Simples Assim, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Diversidade nas apresentações  

O Palco Principal, localizado próximo às tradicionais esferas da Expointer, também é uma opção para quem deseja acompanhar atividades culturais. Todos os dias, das 14h às 19h, há apresentações da chamada 2ª Mostra da Cultura Gaúcha do Parque Assis Brasil.

Promovido pela Harden Consultoria Cultural, também por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o evento traz grupos de dança, mostras instrumentais, shows nativistas e até mesmo mostras fotográficas. Além de grandes nomes da música gaúcha, a mostra também dá a chance para artistas menores. “É uma oportunidade para um artista iniciante ter na Expointer sua primeira experiência”, conta o diretor da consultoria, Fabrício Harden.   

Na tarde desta terça-feira (27/8), a primeira apresentação da mostra foi de Edison Gaúcho, com o show Força Gaúcha. O grupo, de uma churrascaria de Porto Alegre, fez danças com facões, chula e boleadeiras. Essa última contou com a participação de integrantes da plateia: o apetrecho feito com cordas levantou o cabelo da jovem convidada, arrancando gritos de animação dela e do público.

“Fiquei um pouco ansiosa porque a boleadeira passou bem perto, mas foi muito legal. Parei para assistir à apresentação por acaso e adorei ter participado”, conta a inseminadora Carla Tonelotto, 18.

“Na plateia tem de tudo, desde a pessoa que vem esperando a apresentação até a que não faz ideia e está aqui por acaso, curiosa. Isso é o mais legal, porque aos poucos vão gostando do que estão vendo. É gratificante”, relata Edison.
Depois da apresentação do grupo, foi a vez da mostra fotográfica de Virgínia Souza, fotógrafa e proprietária da Estampa da Tradição, que tem como principal trabalho o registro de imagens de danças tradicionalistas. As fotos, que congelaram momentos únicos da arte dos Centro de Tradições Gaúchas (CTGs) e das competições, foram exibidas no telão e comentadas pela profissional.
 
“Acho legal que a Expointer ofereça uma programação para todos os públicos. A exposição foi uma oportunidade de mostrar que a cultura gaúcha não se restringe a algumas épocas, mas vive o ano inteiro”, resume.  

Acessibilidade  

As atividades culturais da feira oferecem uma série de recursos para promover a inclusão. Na Estância da Arte, por exemplo, há mediação em libras para pessoas com deficiência auditiva, rampas de acesso para quem tem limitação para o deslocamento e audiodescrição das obras para visitantes com deficiência visual.

Algumas obras também contam com pranchas táteis. A iniciativa reproduz os quadros em tamanho menor com outros materiais, que permitem a pessoas com deficiência visual sentirem texturas e apreenderem as obras com os dedos.  

“É uma forma de convidarmos todos os públicos. Nesta semana, receberemos entidades que vão trazer seus associados devido às iniciativas de inclusão”, conta Daniel Henz, da produtora Simples Assim.  

No Palco Principal, parte das apresentações também oferece recursos de acessibilidade. A mostra fotográfica, por exemplo, teve tradução em libras.  

Estância da Arte

O quê: exposição de pinturas, desenhos e esculturas  
Quando: das 8h às 20h
Onde: Pavilhão Internacional

2ª Mostra da Cultura Gaúcha do Parque Assis Brasil

O quê: apresentações de grupos de dança, shows nativistas e mostras instrumentais e fotográficas  
Quando: das 14h às 19h
Onde: Palco Principal, próximo às esferas da Expointer  

Programação

A programação pode ser conferida no site da Expointer. A feira segue até o próximo domingo (1/9).
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