Estética, ética e economia: um triângulo virtuoso para promover as artes visuais como um bem público no Caribe
Um evento online do programa Transcultura da UNESCO explora tendências nas artes plásticas e visuais para melhorar as oportunidades para jovens artistas e profissionais culturais no Caribe.
O mercado global de arte sofreu flutuações significativas nos últimos dois anos que, com os efeitos da COVID-19, levaram a uma profunda transformação digital. Para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades apresentadas por estas mudanças para jovens artistas e profissionais da cultura, o programa da UNESCO Transcultura: Integrando Cuba, o Caribe e a União Europeia através da Cultura e da Criatividade, financiado pela União Europeia, organizou um evento debate online sobre artes plásticas e visuais contemporâneas no dia 18 de janeiro de 2024. O evento foi organizado em colaboração com a Associação de Artistas Visuais Europeus (EVA).
Os participantes, incluindo artistas, pesquisadores e gestores artísticos de Cuba, Haiti, Jamaica, Bélgica, Alemanha e Espanha, discutiram tendências no mercado global de arte. De acordo com estudos recentes,[1] esta indústria criativa mobilizou um total de 67,8 mil milhões de dólares em 2022, com um crescimento anual de 3%, o segundo nível mais elevado até à data. Para além do seu valor económico, também destacaram o importante papel das artes plásticas e visuais na sociedade.
As artes visuais são sobretudo um elemento discursivo e um veículo de liberdade de expressão, por vezes muito mais eloquentes que as palavras.
Anne Lemaistre
Diretor do Escritório Regional da UNESCO em Havana
O evento proporcionou um rico intercâmbio sobre a evolução do valor da arte, que já não é determinado apenas pelas qualidades estéticas, técnicas ou expressivas da obra, mas pela sua capacidade de construir significado, de mobilizar o pensamento e a opinião mundial em torno de temas e problemas de interesse comum, como as alterações climáticas, a inclusão social ou a igualdade de género.
Os projetos artísticos podem estimular a consciência ecológica e social no bairro, entrelaçar a identidade de uma comunidade com a expressão artística e vincular a arte ao campo educacional para gerar discursos transformadores.
Maria Tolmos (Espanha)
Diretor da Nave Porto
Os participantes também exploraram diversas expressões artísticas, escolas históricas, estilos e formatos. Destacaram a expansão das artes visuais para além dos espaços tradicionais em direção aos ecossistemas digitais e urbanos, com forte presença do design, ilustração, graffiti, poster art, modelagem arquitetônica 3D concebida como obra de arte, objetos fabricados industrialmente, fotografia e videomapping, entre outros. Concordaram que esta dinâmica evolutiva da indústria da arte – no conceito e na forma – cria oportunidades para que os discursos dos jovens artistas caribenhos se tornem visíveis e tenham acesso aos mercados artísticos globais.
Precisamos de mais escritores e jornalistas caribenhos escrevendo sobre a arte caribenha, de mais galerias comerciais, de programas de incubadoras de artes plásticas na forma de residências artísticas e estúdios. Um grande avanço para a região seria ter uma feira de arte caribenha para conectar os artistas com o mercado internacional.
Richard Nattoo (Jamaica)
Artista visual
Através desta iniciativa, o programa Transcultura promove a integração, o intercâmbio de conhecimentos e o networking a nível regional, a fim de promover oportunidades para jovens profissionais da cultura de 17 países caribenhos.