Morte. Morreu Sara Facio, autora de fotografias inesquecíveis

Morte. Morreu Sara Facio, autora de fotografias inesquecíveis

Morte. Morreu Sara Facio, autora de fotografias inesquecíveis da cultura do século XX
A fotógrafa teve uma extensa carreira que incluiu retratos icônicos de Julio Cortázar, María Elena Walsh e Alejandra Pizarnik.


Ontem foi conhecida a triste notícia do falecimento da renomada fotógrafa e gestora cultural argentina Sara Facio, ícone cultural, autora de grandes retratos e dona de um olhar sensível. A notícia da morte da artista de 92 anos foi confirmada ao Clarín por Graciela García Romero, responsável pelo seu arquivo pessoal.

Entre suas fotografias mais conhecidas estão as que tirou de Julio Cortázar, María Elena Walsh, Pablo Neruda e Alejandra Pizarnik. Muitos desses rostos em preto e branco permaneceram a imagem definitiva dos principais escritores do século XX.

Facio atuou e dirigiu a Fundação María Elena Walsh, que foi sua parceira durante décadas. Seu trabalho não se limitou apenas a tirar fotos. Em 1973, junto com María Cristina Orive, fundou La Azotea, editora dedicada à fotografia, pioneira no gênero no continente.


Julio Cortázar em Buenos Aires

Entre seus últimos trabalhos, destaca-se a seleção de materiais escritos por Walsh publicados ao longo de 50 anos em revistas, jornais e livros para a recém-publicada El feminismo da editora Alfaguara.

O livro reúne textos dispersos de Walsh, marcados pela sua participação no Movimento Feminista de Libertação (MLF) e pelo seu olhar incansável sobre o género. Facio foi justamente o responsável pela curadoria desse material.

Durante entrevista com a escritora Leila Guerriero em 2011 para o La Nación, Facio respondeu, à pergunta da jornalista, que não tinha nada de extraordinário para contar e nem acreditava ser uma personagem digna de perfil.

“Não sei sobre o que vamos conversar. “Não sou interessante”, disse Facio na época, como se não fosse autora de imagens que percorreram o mundo e passaram a fazer parte dos museus mais importantes, como o Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma). e o museu Reina Sofía, em Madrid.

Entre suas conquistas históricas, destaca-se também a Galeria Fotográfica do Teatro San Martín de Buenos Aires, que fundou em 1985 e dirigiu por mais de 10 anos, até 1998. Paralelamente, em 1995, tornou possível a criação da Galeria Fotográfica. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, com obras que digitalizou e doou de seu acervo.

Sua série de fotografias sobre o movimento peronista, tiradas entre 1972 e 1974, testemunharam uma época turbulenta. Sua obra foi exposta inúmeras vezes e a série também foi registrada no livro Perón por Facio, realizado em 2018 para exposição da obra no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba).

Seu trabalho foi reconhecido com o prêmio Konex em 1992 e ela foi nomeada Cidadã Ilustre da Cidade de Buenos Aires em 2011. Além disso, seu trabalho artístico foi premiado pela Fédération Internationale de l'Art Photographique da Suíça.
Sua vida privada

Sara Facio nasceu em 18 de abril de 1932 em San Isidro, Buenos Aires. Ela era filha de Florencio Facio e María Ana Paraveccia, descendente do sul da Itália.

Desde muito jovem ganhou uma bolsa para estudar artes em Paris e, quando foi contar ao pai, este avisou-o que iria para a Europa com ou sem o seu consentimento, o que reflecte a personalidade determinada da autora.

Da sua vida privada é conhecida a referida relação com María Elena Walsh e sabe-se que criou duas sobrinhas como se fossem suas filhas. Há algum tempo ele soube reconhecer que elas (Mariana e Claudia) seriam as herdeiras de sua obra e as encarregadas de guardar seu legado, assim como Sara guardou o de Walsh após sua morte em 2011.

Segundo o Clarín, a despedida será na quarta-feira, 19 de junho, entre 11h e 15h, na sala localizada na Av. Congreso 1757, na cidade de Buenos Aires.

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