Artistas bolivianos estarão presentes na exposição da Bienal de Veneza 2024
Cochabamba, 5 de fevereiro de 2024 (ATB Digital).- A exposição de arte mais famosa do mundo abriu suas portas para um artista de Cochabamba: River Claure.
A organização da Bienal de Veneza de 2024 anunciou recentemente a lista de mais de 300 artistas e grupos participantes nesta importante mostra global, entre os quais numerosos representantes do Médio Oriente e da América Latina.
Na lista publicada no site oficial da Bienal, destacam-se também os nomes de outros três artistas bolivianos que entraram para a história deixando um grande legado: o pintor Harmodio Tamayo, filho de Franz Tamayo; a escultora Marina Núñez del Prado; e o pintor e muralista Miguel Alandia Pantoja.
“Estou super, super, super entusiasmado por anunciar a minha participação na 60ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza (…)”, referiu River Claure, através da sua conta oficial no Instagram.
Claure estudou Design Gráfico e Comunicação Visual na Universidad Mayor de San Simón (UMSS). Além disso, concluiu o mestrado em Fotografia Contemporânea em Madrid, Espanha, entre outros cursos.
No ano passado ele ganhou duas bolsas internacionais.
Claure se destaca por questionar noções dominantes de identidade cultural. “Minha família vem de uma comunidade dos Andes chamada Calacota, cresci na cidade vivenciando as tensões entre minhas raízes indígenas e a realidade urbana da Bolívia nos anos 2000. Atualmente estou trabalhando muito com a paisagem e a forma simbólica como nos relacionamos com ela.”
Warawar Wawa é o primeiro grande projeto do artista andino, que o levou a expor em diversos festivais de fotografia ao redor do mundo.
MAIS DETALHES
A versão 2024 da Bienal será realizada de 20 de abril a 24 de novembro de 2024, no Giardini e no Arsenale.
Este ano intitulada “Estrangeiros em todos os lugares”, a expressão tem vários significados. Em primeiro lugar, “onde quer que vás e onde quer que estejas, encontrarás sempre estrangeiros: eles/nós estamos em todo o lado. Em segundo lugar, que não importa onde você esteja, você é sempre verdadeiramente, e no fundo, um estrangeiro”, explicou a organização.
Claure, de Cochabamba, destacou que a exposição terá curadoria de Adriano Pedrosa, importante figura do mundo da arte.
Pedrosa é o primeiro latino-americano a ser curador da Exposição Internacional de Arte. Atualmente é diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, onde foi curador de inúmeras exposições, entre elas Histórias de Dança (2020) e Histórias do Brasil (2022). Em 2023 recebeu o Prêmio Audrey Irmas de Excelência Curatorial, que lhe foi concedido pelo Center for Curatorial Studies do Bard College, Nova York.
Sobre a escolha dos artistas, o curador disse que procurou dar prioridade àqueles que nunca haviam participado da exposição. A extensa lista de artistas selecionados chama a atenção, tendo superado em muito os 213 artistas incluídos na edição de 2022, de Cecilia Alemaní. Dentre eles, vale destacar a presença significativa de 30 artistas brasileiros, alguns deles indígenas, naturalizados e ícones do movimento modernista nacional, entre outros.
Outros latinos que se destacam são: Claudia Alarcón e Silät (Comunidade La Puntana, Salta, Argentina); Iván Argote (Bogotá, Colômbia); Bordadeiras de Isla Negra (fundada em Isla Negra, Chile) e Camilo Mori (Valparaíso, Chile).
“Sinto-me muito privilegiado e grato, ainda estou processando isso”, disse Claure, que está neste segmento de artistas latino-americanos.
CARACTERISTICAS
A exposição será dividida em duas seções principais, uma contemporânea e outra histórica. O primeiro inclui artistas LGBTQIAP+, marginalizados, autodidatas e indígenas. E haverá uma seção especial no Corderie dedicada ao “Arquivo da Desobediência”, projeto de Marco Scotini, que desde 2005 pesquisa vídeos focados na intersecção entre práticas artísticas e ativismo.
Fonte: Opinião