A exposição 'Fuga para o Egito'

A exposição 'Fuga para o Egito'

A exposição 'Fuga para o Egito'
A influência do antigo Egito na arte afro-americana, segundo o Met
A exposição ‘Flight into Egypt’, no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, explora a influência sobre artistas e figuras culturais através de fotografias, pinturas, obras literárias e peças audiovisuais
O Metropolitan Museum of Art de Nova York (Met) apresenta uma exposição que explora a influência do antigo Egito em artistas e figuras culturais das comunidades afro-americanas através de fotografias, pinturas, obras literárias e peças audiovisuais.
A exposição ‘Flight into Egypt’, que estará patente ao público até 17 de fevereiro de 2025, faz um percurso por 150 anos de produção artística e cultural produzida maioritariamente por artistas afro-americanos que no final do século XIX começaram a considerar O Egito como uma das grandes fontes de inspiração para as culturas africanas.
Está dividido em dez secções temáticas que começam em 1876 e estudam como “artistas e figuras culturais negras defenderam a sua afinidade com o antigo Egipto, opondo-se à definição predominante que diferenciava o país (Egito) da chamada África negra”, explicou Amili Tommasino, curador da exposição.
Impacto na diáspora

Uma das obras mais notáveis ​​da exposição é ‘Reis do Egito II’, óleo sobre tela de Jean-Michel Basquiat em que o artista – nascido em Nova York, mas de ascendência haitiana e porto-riquenha – pinta sobre fundo preto rostos masculinos e escreve nomes de faraós como Ramsés II ou Amenófis III.
Esta peça faz parte da secção ‘Reis e Rainhas’, que recebe o público com cinco bustos da (Rainha) Nefertiti feitos por Fred Wilson numa paleta de cores que vai do branco ao castanho escuro e que serve para reivindicar a beleza e o empoderamento de Cultura afro-americana.
Destaca-se também nesta área uma monumental escultura em bronze na qual a artista norte-americana Simone Leigh retrata a escritora e historiadora Sharifa Rhodes Pitts com o peito descoberto e colocando as mãos na saia longa, semelhante à roupa usada pelos antigos funcionários egípcios.
Enquanto isso, na seção ‘Egiptologia e a linha de cor’, a frequente identificação da cultura egípcia com a Europa e os Estados Unidos é questionada através da obra do escritor e abolicionista da escravatura Frederick Douglass, que investigou a barreira racial que permeou os estudos da antiga Egito, algo que ele chamou de “linha da cor”.

Por isso, estão também expostos vários livros fundamentais para esta abordagem, como 'A Origem Africana da Civilização: Mito ou Realidade', de Cheikh Anta Diop, ou 'Atena Negra: As Raízes Afro-asiáticas da Civilização Clássica', de Martín Bernal.
A exposição também investiga a influência do Egito na arte abstrata: assim, a sala 'Abstração Nu nile' conta com uma série de pinturas e esculturas em torno de uma grande pirâmide no centro, em azul e branco, feitas por Rashid Johnson com materiais como preto sabão, cera, vinil latão, livros e madeira, entre outros.

A música afro-americana é protagonista da seção seguinte, 'Uma nova canção', que faz um passeio pela história dos músicos e sua relação com o antigo Egito: aqui são exibidos discos de vinil com capas que retratam pirâmides ou faraós como 'Melhores of Earth Wind and Fire', da banda americana de mesmo nome.

A parte mais notável desta seção é uma pequena sala totalmente escura onde um busto faraônico pende do teto e gira como uma bola de discoteca enquanto o documentário 'Black Journal', de Alice Coltrane, é projetado na parede.

Amili Tommasino destacou a importância do Met, “historicamente focado no eurocentrismo”, organizando esta “exposição inovadora que destaca as perspectivas afrocêntricas da história”.
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