Uma arte de ativismo social”: Cria da Maré, Kamila Camillo fala sobre seu trabalho como fotógrafa
Nascida e criada no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a fotógrafa Kamila Camillo tem tanto o seu olhar quanto o olhar das suas lentes, voltados para a sua comunidade. Envolvida com ações sociais, a também psicóloga e comunicadora define sua arte como uma forma de ativismo social, levando para o mundo um pouco do que é a sua favela.
“O que eu mais gosto de fotografar é a minha favela. Eu faço imagens urbanas, dentro do meu território, tentando sempre quebrar esse estigma de que na favela só tem coisas negativas. Eu defino a minha arte como arte de ativismo, já que o tempo inteiro eu tento mostrar esse desejo de sonhos“, diz Kamila.
A fotografia entrou na vida de Kamila oficialmente aos 14 anos, fotografando na igreja em que participava, quando descobriu que realmente gostava de olhar o mundo pelas lentes de uma câmera. Mas antes disso, a comunicadora revela que já possuía contato com a fotografia. “Antes dos 14 eu registrava os encontros de família, como a fotógrafa oficial da família“, conta.
Desde então, a fotografia lhe rendeu muitas conquistas, como o Prêmio Inspirar 2022, por voto popular, na categoria “pessoa física”, concorrendo com mulheres do país todo. O reconhecimento partiu de seu trabalho comunitário, com a organização “Crias do Tijolinho”, fundada por ela. A jovem que é cria do Tijolinho, região da Nova Holanda, formou a iniciativa para ajudar as crianças da sua comunidade.
Fotografando a favela, Kamila começou a construir novas narrativas territoriais, procurando romper com estereótipos e estigmas sociais dos mais diversos, que são construídos sobre as favelas. Por isso seu trabalho mostra a potência das ruas e a poesia no cotidiano da Maré.
“Minha inspiração é o meu território, o cotidiano favelado, as crias correndo e o movimento da favela que trás vida”, diz a fotógrafa.
Recentemente, Kamila foi uma das artistas da Maré que expôs seu trabalho no ArtRio, reconhecida como uma das principais feiras de arte da América Latina. A exposição com o tema “Arte em toda parte – A transformação pela arte é GIGante”, teve alguns dos trabalhos da artista, mostrando o cotidiano do Rio de Janeiro. Ela também levou seu trabalho para o mundo durante o Rio Parada Funk, um evento no Rio de Janeiro.