A Bienal de Arte de Veneza, entre os protestos pró-Palestina

A Bienal de Arte de Veneza, entre os protestos pró-Palestina

A Bienal de Arte de Veneza, pronta para abrir ao público em meio a protestos pró-Palestina

Carmen Naranjo Veneza (Itália), 19 abr (EFE).- A 60ª Bienal de Arte de Veneza prepara-se agora para abrir as portas ao público neste sábado, numa edição em que, juntamente com a ausência de Israel e alguns protestos a favor da Palestina, , destacam-se os artistas situados à margem da tradição e com o olhar voltado para o sul. Desde a passada terça-feira, mais de 4.200 jornalistas participaram nos três dias de apresentações prévias dos diferentes pavilhões e espaços desta mostra internacional, segundo fontes da organização da Bienal, que esperam superar nesta edição, que se estende até 24 de novembro, os 800 mil visitantes que vieram em 2022. Com a inauguração de vários pavilhões, entre eles o de Espanha, inicia-se esta sexta-feira o período de apresentação aos meios de comunicação da Bienal que, sob o título de 'Stranieri Ovunque' (Estrangeiros por toda parte) conta com a participação de 330 artistas e 88 espaços de pavilhão nacional. Tudo dividido em duas seções: o ‘Núcleo Histórico’ – focado na América Latina, África, Oriente Médio e Ásia -, e o ‘Núcleo Contemporâneo’, que é a maior parte da exposição e mostra o trabalho de quatro tipos de artistas : os estrangeiros, os queer, os outsiders e os indígenas. Um panorama artístico matizado, como sempre, de política. Nesta edição foi a guerra em Gaza que provocou vários actos de protesto nas entradas dos dois principais locais da exposição: Arsenale e Giardini. Assim, esta sexta-feira um grupo denominado 'Saúde para Gaza' apelou a um cessar-fogo com faixas em Arsenale enquanto nas outras sedes foram colocadas faixas que diziam 'Não é uma guerra, é um genocídio' e 'Todos os povos do sul devemos são palestinos'. No pavilhão de Israel, que permanece fechado por decisão de seu artista e curadores e guardado por guardas italianos, há um aviso: “O artista e os curadores do pavilhão inaugurarão a exposição quando for alcançado um acordo para o cessar-fogo e a liberação de reféns.” A situação na Palestina também esteve presente na inauguração do pavilhão espanhol, evento em que o curador, Agustín Pérez Rubio, garantiu que a Bienal exige uma Palestina livre. Também a artista que representa Espanha, a peruana Sandra Gamarra, destacou a importância de compreender neste momento e face ao ataque das crises “que não somos apenas responsáveis ​​pelo que fazemos, mas pelo que deixamos de fazer”. Outra guerra também está presente na Bienal, a da Ucrânia, com um projeto que mostra um espaço circular construído com tecidos de linho dos anos 50 provenientes de feiras da ladra, dentro do qual é possível ver um filme, um vídeo e uma instalação que servem para contar histórias dos últimos dois anos. O filme 'Civil'. Invasion' centra-se nos primeiros dias da invasão russa, com testemunhos de sobreviventes e o vídeo, 'Comfort Work', sobre como os países anfitriões veem os refugiados ucranianos. Enquanto a instalação explica o desenvolvimento de aulas de arte online em Kiev. São apenas parte dos projetos artísticos que podem ser vistos em alguns dos pavilhões inaugurados nestes três dias nos dois principais espaços. Já na ilha de Giudecca, foi inaugurado esta sexta-feira um dos espaços que mais expectativa tem despertado nesta edição, o do Vaticano, instalado na prisão feminina, onde as presidiárias se transformam em artistas e guias. ‘Com meus Olhos’, com curadoria de Chiara Parisi e Bruno Racine, é dedicado aos direitos humanos e seu título vem de um versículo que remete a um versículo bíblico: “Meus olhos te viram”. EFE cn/agf/jam