Maior feira de arte da América Latina retorna em momento de boom da produção artística latino-americana e com mais espaço para o trabalho de mulheres e artistas emergentes
A partir da próxima semana, a Cidade do México será o epicentro da arte internacional. Galerias e artistas de quatro continentes se encontrarão na cidade grande na maior feira de arte da América Latina: a Zona Maco. O evento também acontece em um momento de ouro para a produção artística da região, cujo mercado está se recuperando plenamente após o terremoto da Covid-19. “Quando retornamos ao mundo físico, o fizemos com muita energia e entusiasmo, porque havia muitas pessoas que queriam ter contato direto com as obras, com os artistas e galeristas novamente. “Nestas duas últimas edições, esse entusiasmo continua”, explica Direlia Lazo, diretora artística da feira.
A Zona Maco é a ponte que reúne o melhor da arte latino-americana, do México ao Brasil, com as novidades que marcarão as tendências artísticas do próximo ano. Entre os dias 5 e 9 de fevereiro é o momento perfeito para descobrir as tendências que estão ditando o ritmo da arte contemporânea, já que a feira reúne 199 galerias que apresentam o talento de centenas de artistas. Nesta edição, 39 novas galerias participam, o que, nas palavras de Lazo, mostra como a Zona Maco se consolidou como o grande evento de arte da região.
No ano passado, mais de 80.000 pessoas passearam pelos labirintos iluminados da feira, um labirinto de obras de arte. “Notamos muito interesse internacional e nesta edição temos participações de quatro continentes: África, Ásia, Europa e América, claro. Tenho notado que muitas galerias estão dando mais atenção aos artistas latino-americanos e aproveitando a feira para exibi-los. E sinto que essa também é uma reviravolta interessante, porque coloca a arte latino-americana de volta ao centro da conversa”, diz o diretor.
A Zona Maco é uma vitrine de luxo, o lugar ideal para quem quer fazer seu nome no mundo da arte. Nesta edição, serão entregues três prêmios de residência a artistas, um para mulheres e outro para criadores emergentes. O objetivo é que eles aproveitem um período para desenvolver sua criatividade. “É uma plataforma de visibilidade, mas também de conversa, onde os artistas não só mostram seu trabalho, mas também podem construir relacionamentos e levar esses laços um pouco mais longe”, explica Lazo.
A feira, é claro, também é um grande negócio, com milhões de dólares sendo gerados através do comércio de arte. Este ano acontece em um momento de expansão da arte na América Latina, algo como uma época de ouro. “É um momento incrível. Sinto que a mudança tem sido muito visível nos últimos anos, parece-me que estamos vivendo um grande ciclo. Não apenas na apresentação e projeção da arte latino-americana no circuito museológico mais internacional, em bienais e assim por diante. Também em exposições, em galerias, com artistas latino-americanos representados em muitas partes do mundo. A verdade é que é um grande momento e as atenções estão voltadas para a América Latina. Acho que se tudo continuar no ritmo atual, sinto que esse ciclo vai continuar se prolongando, porque somos uma região que tem muitas mini-regiões dentro de si, então a exploração é quase infinita", diz Lazo.
A série é dividida em seções: Zona Maco Sur, que busca expandir a visão da arte para outras regiões do sul global; Maco Modern Art Zone, que exibe peças históricas pertencentes aos movimentos de arte moderna do século XX; e Zona Maco Ejes, que apresenta artistas cujas obras investigam as conexões entre arte e liberdade. “Os curadores pedem às galerias propostas de artistas e isso enriquece muito o diálogo, pois não é apenas o que a galeria acha que a posicionará melhor no mercado, mas também é respaldado pelo trabalho curatorial. É um espaço de descoberta, principalmente a seção de eixos, com curadoria de Bernardo Mosqueira, que é uma seção focada em projetos jovens, espaços híbridos", diz o diretor.
Lazo observa que Zona Maco “inicia um pouco de conversa no continente” sobre o que vai acontecer com a arte, todas as tendências que terão impacto no mundo artístico. A feira também trabalha com o amplo espectro de museus da Cidade do México, que durante a chamada Semana de Arte também oferecem novas exposições ou ampliam sua oferta cultural. “A cada ano, mais espaços são adicionados na Cidade do México. Este ano temos uma participação muito ampla e isso é algo bom para o público, porque há outras coisas acontecendo na cidade e isso atrai muito público", explica o especialista em arte contemporânea de origem cubana. “É uma efervescência”, acrescenta, o ponto alto de uma capital que por uma semana se torna o epicentro da arte internacional.
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