A artista afro-brasileira Rosana Paulino expõe no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires
O Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) apresenta até 10 de junho a mais completa exposição já realizada, fora do Brasil, sobre a artista Rosana Paulino (São Paulo, 1967). Rosana Paulino, Amafricana é o nome da exposição que reúne instalações, desenhos, gravuras, bordados e esculturas.
Paulino é reconhecido por abordar “a escravidão e a violência da diáspora africana” no Brasil, relata Malba. Este é um tema de grande relevância e importância na capital argentina, devido ao embranquecimento que sofreu a cultura deste país, do qual a presença africana foi quase completamente apagada. Um fato que tem sido tentado ser revertido nos últimos anos a partir de algumas frentes progressistas.
Além do trabalho artístico, Paulino possui uma extensa carreira como professor e ativista. Tem sido recorrente em exposições fundamentais de arte contemporânea, como nas duas últimas edições das Bienais de Veneza e de São Paulo.
O título da exposição Amefricana deve-se ao conceito de “Amefricanidad”, cunhado pela filósofa, activista negra, feminista e socióloga brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994), avança o museu Baires.
Este conceito abrange “as identidades individuais, estruturadas na experiência colectiva, daqueles que partilham laços culturais contrários ao domínio colonial. O termo capta particularidades da figura da mulher negra e destaca sua participação na história, diferentemente de outras narrativas racistas e sexistas que diminuem ou suprimem sua importância”, explica a nota curatorial.
A exposição permite observar as diversas técnicas que o artista domina, “com especial apego à gráfica e ao desenho”. Além disso, por meio da sutura, da costura e do uso do arquivo, entre outros formatos, pode-se perceber como a criadora brasileira “percorre criticamente” a história de seu país e problematiza as construções étnicas dominantes.
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