Masp inaugura novas exposições sobre artes indígenas

Masp inaugura novas exposições sobre artes indígenas

As histórias indígenas, a tapeçaria diné/navajo e os saberes tupinambás são os temas das novas exposições em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp). As três novas mostras compõem o Ano das Histórias Indígenas, tema que o museu escolheu para apresentar e discutir a diversidade e a complexidade dessas culturas.

A primeira dessas exposições – e a maior delas – é a mostra coletiva Histórias Indígenas, que vai apresentar 285 obras de aproximadamente 170 artistas indígenas e que traça uma perspectiva desde o período anterior à colonização europeia até os dias atuais. Por meio da arte e das culturas visuais, o público poderá conhecer as diferentes perspectivas das histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Região Nórdica. A curadoria é de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, além de diversos curadores internacionais convidados.

“Todas essas artes que serão expostas retratam a realidade dos povos indígenas não só do Brasil, mas de outros países. Elas representam as cosmologias dos povos indígenas, sua história, seus desafios. É uma forma de tentar dar visibilidade a essas realidades tão pouco conhecidas pelas comunidades internacionais e pela sociedade brasileira”, disse Edson Kayapó, curador de artes indígenas no Masp e professor de história indígena no Instituto Federal da Bahia (IFBA).

Por história, a mostra entende tanto os relatos históricos quanto as narrativas pessoais. “São histórias no plural, trazendo a ideia de que há uma diversidade muito grande de memórias, cosmologias, tradições, línguas e de modos próprios de organização social de cada povo. São muitas histórias e muitas formas de produzir arte porque, obviamente, essas diversidades históricas e sociolinguísticas repercutem nas artes. Os artistas indígenas vão produzir artes que dialogam com seus povos”, disse o curador.

Kayapó afirmou que a exposição é também atual e política, pois reflete sobre a preservação do meio ambiente e as mudanças climáticas. “As artes indígenas, especialmente essas que serão exibidas, são posicionadas. Todas as artes produzidas por povos indígenas são posicionadas politicamente e esse posicionamento tem a ver com nossos pertencimentos, nossas identidades étnico-raciais e cosmologias”, disse o curador. “As artes indígenas são também uma expressão política que tem a ver com o tempo e com os desafios que estão postos”, ressaltou.

Ele lembrou que não só a temática ambiental permeia a exposição, como também o processo de demarcação de territórios indígenas. “Há também, no caso do Brasil, um posicionamento político sobre a demarcação dos nossos territórios originários, inclusive para que possamos fazer com bastante tranquilidade o movimento, que é necessário em todo o mundo, de preservação dos ecossistemas e biomas. Estamos diante de uma crise mundial, uma crise climática internacional que atinge todas as pessoas igualmente, e a comunidade mundial está conclamando pela proteção das florestas, dos rios e de todos os biomas. Os povos indígenas fazem isso por excelência, de maneira ancestral, imemorial. Se, de fato, o objetivo é preservar o meio ambiente, que demarquem os territórios indígenas porque, certamente, o meio ambiente será preservado”, defendeu.

A mostra foi dividida em oito núcleos, que se iniciam com o tema Ativismo, reunindo trabalhos de diferentes movimentos sociais indígenas, em formatos variados como bandeiras, fotografias, vídeos, pinturas e pôsteres. “Esse núcleo Ativismo é para nós, indígenas, muito significativo porque traz a voz do movimento indígena organizado”, explicou o curador. Nessa exposição, por exemplo, haverá um vídeo com importante discurso de Ailton Krenak na Assembleia Constituinte de 1987, em que ele faz a defesa dos povos originários.

A mostra, feita em colaboração com o Kode Bergen Art Museum, vai ocupar as galerias do primeiro andar e segundo subsolo do museu e ficará em cartaz até 25 de fevereiro.

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