Se Saul Steinberg estivesse vivo hoje por Ian Frazier

Se Saul Steinberg estivesse vivo hoje por Ian Frazier

Se Saul Steinberg estivesse vivo hoje, ele teria notáveis ​​110 anos. Nascido na Romênia em 1914, pouco antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, ele fugiu para os Estados Unidos em 1942 após estudar arquitetura na Itália. Nas seis décadas seguintes, seu trabalho extraordinário elevou esta revista, mostrando seu talento incomparável para combinar arte e narrativa, particularmente na The New Yorker.

Steinberg faleceu em seu apartamento em Nova York em maio de 1999.

Ele costumava dizer que aspirava desenhar como uma criança. Seu autorretrato, apresentando seu eu adulto de mãos dadas com um recorte em tamanho real de seu eu de seis anos, demonstrou seu comprometimento com essa ideia. Steinberg buscou manter a admiração e a curiosidade infantis em seu trabalho, mesmo quando seus temas e técnicas evoluíram. O jovem Saul, em seu terno de marinheiro e calças curtas, permaneceu seu companheiro constante. Ele encontrou grande alegria em sua própria companhia e frequentemente comentou que era seu melhor amigo. Talvez sua sobrevivência à guerra tenha incutido nele o desejo de viver a vida em seus próprios termos, abraçando os instintos autênticos de sua criança interior. Ele perseguiu suas paixões com dedicação inabalável e alcançou alturas artísticas inigualáveis ​​por muitos.

Uma de suas últimas capas para esta revista apresentou um mapa ampliado de sua rota diária de caminhada. Ele frequentemente saía de seu apartamento, aventurava-se pela Seventy-five Street até a Lexington Avenue, subia até a Seventy-sixth Street, atravessava para o outro lado e continuava seu circuito de volta ao seu prédio. Por meio dessas caminhadas, ele observava os detalhes intrincados da cidade e capturava sua essência em seu trabalho. Embora o magnetismo de Nova York pudesse ser avassalador, ele também reconhecia suas limitações. Ele podia ficar tão absorto na cidade que podia ignorar o mundo mais amplo. Apesar de seu amor por Nova York, ele tinha uma afeição igualmente forte por lugares e tempos distantes. Os protagonistas solitários de seus desenhos frequentemente navegavam por vastas extensões cósmicas e temporais.

A obra mais icônica de Steinberg, "View of the World from 9th Avenue", tornou-se uma imagem definidora para a revista. Esta capa retratava prédios de apartamentos, escadas de incêndio, a Décima Avenida, a Décima Primeira Avenida, o Rio Hudson, a vasta extensão dos Estados Unidos e o Oceano Pacífico, culminando na China, Rússia e Japão no horizonte distante. Em um golpe poderoso, sua "View" destruiu a autoabsorção da cidade e revelou sua interconexão com o mundo mais amplo.

Apesar de seus desafios, a criança interior de Steinberg e seu amor por lugares distantes nunca o abandonaram. No final dos anos 1990, quando eu morava no oeste americano, ele expressou o desejo de visitar a cidade de Big Timber, Montana. Ele tinha visto o nome em um mapa e foi atraído por ele. Embora nunca tenhamos feito essa viagem, guardo com carinho a lembrança de nossas caminhadas juntos em Nova York. Durante uma dessas caminhadas, ele parou em uma caixa de correio para postar uma carta. Depois de depositá-la, ele se inclinou sobre a caixa de correio e gritou o destino da carta. Ele revelou que sempre fez isso quando criança, quando sua família enviava cartas para parentes perto de Bucareste. Seu pai colocava a carta na caixa de correio, levantava-o até a abertura e ele gritava o nome da cidade: "Buzău!"

Em nossa mente, o lugar mais distante, o horizonte, pertence a Saul Steinberg. Seu trabalho continua a inspirar e cativar o público, lembrando-nos do poder da imaginação e do espírito duradouro do coração humano.