Fotografia Pinhole

Fotografia Pinhole

Etimologicamente, Fotografia é: Foto (Luz) e Grafia (Escrita), ou seja, escrita da luz. Logo, para se obter uma fotografia, é imprescindível a presença da luz, cujo contato com um material sensível possibilitará a fixação da imagem no mesmo. Com a câmera escura, o processo de formação da imagem fotográfica já estava posto, sendo, então, uma máquina de ver imagens. Contudo, só com a câmera fotográfica (daguerreótipo, talbótipo, calótipo) é possível fixar uma imagem. Logo, a diferença entre a câmera escura e a câmera a que se atribuiu a descoberta da fotografia — o daguerreótipo — é a utilização de materiais que em contato com a luz possibilitam a fixação de uma imagem.

As câmeras fotográficas, como conhecemos hoje, frutos do avanço tecnológico, ganharam lentes para melhorar a nitidez da imagem, elementos para controlar a quantidade de luz que entra na câmera e atinge o material sensível, o diafragma e o obturador, que serão trabalhados adiante. Contudo, ainda é possível experienciar o modo de fotografar dos primórdios da fotografia, como visto no texto “História Resumida da História da Fotografia”, através da utilização de uma câmera de orifício ou uma câmera Pinhole.

O termo em inglês Pinhole significa “Buraco de Agulha”. O seu funcionamento segue o princípio da câmera escura, ou seja, a luz entra pelo orifício (buraco feito por uma agulha), formando a imagem na parede oposta, que, ao invés de ser simplesmente uma parede (pintada de branco ou feita com um papel vegetal), ela permanece preta; e ali é colocado um material sensível à luz, sendo capaz de fixar a imagem, assim como uma câmera fotográfica. Dessa maneira, há a “escrita da luz”. A entrada da luz se dá pelo orifício e a chegada no material sensível, “escrevendo”, assim, os traços imagéticos de um objeto real.

Como os daguerreótipos, as Pinholes não possuem obturador para o controle do tempo de exposição. E, devido ao fato da entrada de luz se dar por um orifício muito pequeno, o diâmetro de uma agulha, o tempo de exposição deve ser longo e contado pelo fotógrafo. Como é simples e de custo baixo, o processo de construção de uma câmera artesanal torna-se um poderoso instrumento para uma possível pedagogia imagética, uma vez que pode ser feito por um fotógrafo experiente como também por uma criança em processo de aprendizagem.

Como no Pinhole não existe um visor, elemento da câmera fotográfica em que se vê o que será fotografado, ou uma objetiva, que determina o que será captado pela câmera, as fotografias são sempre experiências únicas. Nesse sentido, “o fotógrafo não trabalha com o aparelho, mas brinca com ele. Sua atividade evoca a do enxadrista: este também procura lance ‘novo’ a fim de realizar uma das virtualidades ocultas no programa do jogo.“(FLUSSER, 2002, p. 23).

Como mostram as fotografias, as imagens obtidas em câmeras pinhole aparecem invertidas (como nas câmeras escuras) e em negativo. Mas, podem ser escaneadas e transformadas em positivo.Como mostram as fotografias, as imagens obtidas em câmeras pinhole aparecem invertidas (como nas câmeras escuras) e em negativo. Mas, podem ser escaneadas e transformadas em positivo.
Como exposto, o fotógrafo não só fotografa com uma pinhole, como também produz a sua própria câmera, podendo adentrar no processo da fotografia desde a formação à fixação da imagem. “Com as pinholes, o fotógrafo passa a fazer parte da caixa preta, como se pudesse viver na câmera.” (GOUVEIA, Revista Studium, Edição 24). Assim, é possível estabelecer uma nova relação com as imagens e uma nova forma de compreensão do fazer fotográfico.