A fotografia no Brasil do século XX

A fotografia no Brasil do século XX

Século XX

Na década de 1940 ocorreu o ápice do fotoclubismo, movimento que reuniu pessoas interessadas na prática da fotografia como forma de expressão artística. Os primeiros fotoclubes surgiram no início do século XX, mas somente a partir da década de 1930 se tornaram decisivos na formação e no aperfeiçoamento técnico dos fotógrafos brasileiros. Os principais fotoclubes foram o Photo Club Brasileiro, fundado no Rio de Janeiro em 1923, e o Foto Cine Clube Bandeirante, criado em São Paulo em 1939. Os principais fotógrafos expoentes do fotoclubismo e alguns deles representantes do movimento moderno da fotografia foram Thomas Farkas, José Oiticica Filho, Eduardo Salvatore, Stefan Rosenbauer, Chico Albuquerque, José Yalenti, Gregori Warchavchik, Hermínia de Mello Nogueira Borges e Geraldo de Barros.

Do pioneirismo publicitário de Chico Albuquerque, que retratou a primeira campanha publicitária com fotografia em 1948, surgiram novos autores como Bob Wolfenson, Marcio Scavone, Claudio Elisabetsky, JR Duran e Miro.

Entre as décadas de 1940 e 1950, foi fundada a Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (ARFOC) no Rio de Janeiro (1946), São Paulo (1948) e Minas Gerais (1950). O fotojornalismo foi promovido pelas revistas O Cruzeiro e Jornal do Brasil, que passaram a dar ênfase à fotografia em suas páginas.

Assis Chateaubriand, diretor da revista O Cruzeiro, contratou Jean Manzon, tornando-a a revista mais importante do país.

Do fotojornalismo das revistas Realidade (1966), Veja (1968) e Jornal da Tarde (1966), surgiu outra onda de grandes fotógrafos, sendo os principais: Claudia Andujar, Geraldo Guimarães, Walter Firmo, George Love, David Drew Zingg , Orlando Brito e Luigi Mamprim. Luís Humberto tirou fotos irônicas sobre a situação do Brasil sob o regime militar, apesar do controle da censura. Esses fotógrafos tornaram-se ícones da década de 1960 e influenciaram fotógrafos como Orlando Azevedo, Paulo Leite, Ed Viggiani, João Noronha, Thiago Santana, José Bassit, André Cypriano, André Vilaron, expoentes do fotojornalismo.

Na década de 1970 surgiram vários escritórios e escolas de fotografia no país, como o Enfoco e Imagen e a Ação, em São Paulo, que promoviam a fotografia de autor. Devido à falta de locais especializados para exposições, foram criadas diversas galerias, como a Fotóptica e a Álbum; e surgiram grupos como a Photogaleria, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com o intuito de inserir a fotografia no mercado de arte brasileiro.

O jornalismo independente de agências como Focontexto, F4, Ágil, Fotograma e ZNZ foi registrado por fotógrafos como Juca e Delfim Martins, Nair Benedicto, Ricardo Chaves, Emidio Luisi, Milton Guran, entre outros, que se destacaram na fotografia autoral. Pedro Martinelli e Cristiano Mascaro somam-se aos destaques da fotografia de autor, embora o tenham feito trabalhando para publicações tradicionais.

Há também obras cuja proposta é a inserção da fotografia com a arte consagrada e vice-versa, representadas por Otto Stupakoff, Anna Bella Geiger, Antonio Saggese, Cássio Vasconcellos, Alex Flemming, Kenji Ota, Gal Oppido, Eustáquio Neves, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Flávia Mutran e Vik Muniz, entre outros.
Na década de 1980, a fotografia brasileira tornou-se conhecida no exterior através da participação em exposições internacionais e da publicação de trabalhos de fotógrafos brasileiros em revistas estrangeiras. Entre os principais nomes da época estão Sebastião Salgado, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Kenji Ota, Sergio Valle Duarte e Marcos Santilli.

Em 1981, Sebastião Salgado foi um dos únicos fotógrafos a registar a tentativa de assassinato do presidente dos EUA Ronald Reagan, o que lhe conferiu grande destaque internacional. Além dele – que na época era freelancer da agência Magnum em Paris e havia sido enviado para acompanhar o presidente a pedido do New York Times – apenas os americanos Ron Edmonds e Michael Evans fotografaram o ataque. Desde então, Salgado, radicado em França, é reconhecido mundialmente como um dos mestres da fotografia documental contemporânea. Nas décadas de 1980 e 1990, publicou importantes reportagens fotográficas de denúncia social, em livros como Sahel: l'Homme en Détresse (1986), Workers (1993) e Terra (1997).

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