Artes Plásticas Por Francisco Alambert 1

Artes Plásticas Por Francisco Alambert 1

O grande historiador mexicano Leopoldo Zea contava a seguinte história. Durante uma exposição de arte pré-colombiana na Cidade do México, o poeta mexicano Octavio Paz acompanhou o ministro da Cultura francês, o escritor André Malraux, que, comovido e maravilhado com o que viu, disse que “eles”, os europeus, tinham o A arte grega, enquanto “nós”, latino-americanos, tínhamos “aquilo”, a arte pré-colonial vital. O poeta teria então interrompido o ministro, e teria respondido algo nestes termos: “Não. Temos isso e os gregos.” Na encruzilhada dessa história está boa parte dos problemas relativos à construção cultural e artística da América Latina, à sua identidade, aos seus problemas de origem e ao ponto de vista dos outros sobre toda esta questão.

Mais do que arrogante, a suposta resposta de Octavio Paz deixa clara a ideia, desenvolvida apenas no século XX, de que as Américas são uma extensão e criação do capitalismo europeu nas suas diversas fases expansionistas, e que representam também a consolidação desse processo. No espelho das Américas, o mundo europeu pode ver tanto a sua própria face como o seu oposto, da mesma forma que os americanos (do norte, do centro e do sul) também vêem no mundo ocidental ou europeu (que eles também integre)., ora uma imagem do seu passado, ora um desejo para o futuro; ora uma identidade ampliada, ora uma diferença estabelecida.

Tal diferença verifica-se porque no continente americano a cultura europeia transplantada – e naturalmente modificada em função desse transplante e das novas condições em que foi integrada e construída – juntou-se a outras culturas igualmente transportadas. no México.
Como em tudo o resto, a história da arte moderna e contemporânea na América Latina é inseparável da história da Europa, da qual é parte activa e um tanto dependente. A tal ponto que o historiador Dawn Ades pode afirmar com razão:

o purismo da brasileira Tarsila do Amaral, o nativismo e cubismo gaúcho de Rafael Barradas (1890-1929), o nacionalismo das paisagens plein air de José María Velasco (1840-1912) ou o forte tratamento intimista das cerimônias inusitadas do O candombe africano de Pedro Figari (1861-1938) colocou o público europeu diante de uma linguagem ao mesmo tempo familiar e totalmente desconhecida.

Contudo, o contrário também pode ser observado, pois é igualmente verdade que Jackson Pollock deve muito a David Alfaro Siqueiros, Mark Rothko a Roberto Matta, Willem De Kooning a Wifredo Lam, e a obra de Adolph Gottlieb não pode ser compreendida independentemente da de Joaquín Torres García (1874-1949). Às vezes existe uma compreensão meramente geográfico-cultural do que significa a América Latina. Marta Traba concebeu as regiões culturais do continente numa oposição (um tanto simplista, na verdade) entre países “abertos” e “fechados”.

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